Friday, January 1, 2016

The Importance of Being Earnest

Só posso dizer que estou muito feliz de ter podido assistir uma excelente montagem da principal peça de Wilde no lugar onde ele nasceu. Creio que embora peças possam ser adaptadas e montadas em qualquer lugar, somente no lugar onde ela nasceu é que ela pode ser plenamente compreendida. Exemplifico: Escolhamos uma peça brasileira, especialmente uma peça carioca, bem marota, cheia de piadas e referências decifráveis por um  morador do Rio. Se essa peça for, traduzida e montada, digamos, no japão, ela será filtrada pela ótica da cultura japonesa. Pode até ser um produto interessante, mas eu simplesmente não acredito que as nuances originais se mantenham. O que faz o japonês e o carioca sorrirem não é EXATAMENTE igual.

O mesmo raciocínio vale para Oscar Wilde. Onde mais fielmente a caricatura mordaz da sociedade vitoriana pode ser melhor representada e compreendida pelo público senão aqui mesmo em Dublin ou talvez em Londres? Eu me sinto privilegiado por ter assistido a peça aqui, trinta e cinco euros muito bem pagos.

PS: Uma coisa que certamente impressiona é que os teatros aqui na europa estão sempre lotados. O que não me impede de ver shows porque também não existe lugar vazio: os cancelamentos sempre são vendidos poucos minutos antes do espetáculo. Não necessariamente um casal vai conseguir sentar junto, mas uma pessoa sozinha quase sempre consegue um lugar de última hora a um preço mais acessível.

Monday, December 28, 2015

Guinness Storehouse

Depois de bater um pouco de perna por Dublin, entrei num ônibus turístico pra ir até a antiga planta de fermentação da Guinness. Atualmente a cerveja é feita ao lado, das janelas do museu vê-se os prédios e tanques onde se guardam os grãos, onde se faz o mosto, a fermentação, a maturação...

Aliás, que museu! Uma comparação com a Disney é muito pertinente porque os caras sabem como fabricar o produto com tecnologia e excelência, como ganhar com o licenciamento de todo o tipo de memorábilia e como prover entretenimento.

Se você gosta de engenharia, história ou marketing, vai perder horas no museu, onde todo o processo de fabricação é explicado, as máquinas antigas podem ser vistas e há vídeos mostrando o funcionamento das máquinas modernas.

Se gosta de engenharia e já sorriu como um panda (piada interna) quando eu falei de maquinário, saiba que a Guinness sempre pensou alto e investiu nas suas próprias ferrovias (tem trilhos entrando na fábrica), barcaças, navios (e atualmente, caminhões-tanque) para escoar a produção.


Se é fã de história, vai adorar os relatos e filmes sobre indústrias que não existem mais, como a produção de barris de carvalho, por exemplo. Um trabalho duro mas altamente especializado. Há uma foto fantástica que mostra uma pirâmide de 200000 barris esperando para serem embarcados no porto. Aliás, essa era uma profissão que funcionava por aprendizagem. Um master cooper tinha como uma de suas tarefas, por exemplo, cheirar o estoque pra identificar barris que estivessem podres (o que alterava o sabor da cerveja, claro). Mas ele não se abaixava pra cheirar nada, os aprendizes é que levantavam o barril até o seu nariz!!

As campanhas de marketing também estão registradas, e pode-se selecionar e assistir comerciais de TV feitos desde a década de 50!! Pode-se facilmente gastar de quatro a cinco horas lá dentro. Não esqueçam de que além do museu há também uma megastore e vários restaurantes no complexo. O destaque, claro é o Gravity Bar. Que foi uma experiência menos bacana do que eu esperava, pois hoje foi feriado e estava abarrotado de gente. Um bar com paredes transparentes e uma vista de 340 graus da cidade a partir do topo da antiga cervejaria não tem preço, é preciso visitar mesmo. Só que com centenas de pessoas à sua volta a coisa começa a ganhar contornos de micareta. Não vira bagunça porque não é no Brasil, mas se fosse vocês iam ver só o que é uma zona!

Sunday, December 27, 2015

Bragging Rights

Quem pode dizer que tomou um chope Heineken em Amsterdã e um choppe Guinness em Dublin no mesmo dia? Eu posso. Surpreendeu-me a qualidade do chope Heineken tirado de um pequeno quiosque pela atenciosa Mariam.  Gostoso, gelado, quase sem colarinho e com aquela passadinha da espátula pra raspar o topo. Dank u wel.

A chegada a Dublin surpreende porque ela é pequeninnha mas organizadinha. O nível do dos serviços aqui passa muito longe do de Londres, mas cara de Brasil  a cidade não tem. As vias de acesso são bem asfaltadas, mantidas impecavelmente pintadas e sinalizadas e o único pecado dos motoristas  locais é ultrapassar pela direita,  o que aliás não é ilegal por aqui! Chama a atenção a quantidade de placas em alemão mandando ficar à esquerda, pois entrar na contramão após uma conversão é uma tentação constante.

Finalmente, escolhi um pub um pouco cheio demais para o meu gosto, mas frequentado exclusivamente por seres locais de cabelos grisalhos. Achei que se estava cheio e não tinha turista é porque os frequentadores o tinham em boa conta. Provei um Guisado Irlandês (carne, cenoura, batatas e pimenta) bem servido que saiu por 12 Euros. Mais 3 do Pint de Guinness.

Finalmente, enquanto comia, descobri também que o pessoal do bar apoiava em peso o Leinster, que jogava contra o Munster. Segundo me explicaram, em Munster todos "são bastardos que se casam com as próprias mães", embora os termos usados não tenham sido exatamente esses.

Saturday, December 26, 2015

Embarque

Esperando junto ao portão 9, de modo bastante literal, até. Consigo ouvir as fofocas do pessoal de terra, parece que uma das moças espera que alguém que a colega também conhece "vá se fuder" em breve. Ela faz a previsão enquanto desliza o dedo pelo celular.

Agora já começa a haver alguma movimentação por aqui. O embarque começa em breve, e o mais legal é que uma loira estonteante que estava sentada em outro portão veio para junto do 9, sentou-se e começou a escrever algo. O detalhe é que ela fica ainda mais charmosa de óculos.